Manual de Primeiros Socorros

Afogamento
Convém lembrar que uma criança pequena pode afogar-se em apenas alguns centímetros de água, até mesmo na banheira durante o banho ou num tanque quase vazio.

O que fazer:
Retirar a vítima imediatamente de dentro da água;
Verificar se está consciente, respira e se o coração bate
Colocar a vítima de barriga para baixo e com a cabeça virada para um dos lados
Comprimir a caixa torácica 3 a 4 vezes para fazer sair a água
Se a vítima não respira, deitá-la de costas e iniciar de imediato a ventilação artificial por respiração boca-a-boca (ver ventilação artificial) e se necessário, fazer também massagem cárdica (ver reanimação).
Logo que a vítima respire normalmente, coloca-la em posição lateral de segurança (PLS) e mantê-la confortavelmente aquecida.


Asfixia
A asfixia é a insuficiência de oxigenação sistémica devida obstáculo mecânico à respiração. A asfixia tem várias causas, entre elas: afogamento, enforcamento, envenenamento, aspiração de substâncias nocivas ou vómito.

Sinais e Sintomas:
Conforme a gravidade da asfixia, podem ir desde um estado de agitação, lividez, dilatação das pupilas (olhos), respiração ruidosa e tosse, a um estado de inconsciência com paragem respiratória e cianose da face e extremidades (tonalidade azulada).

O que deve fazer:
Corpo estranho nas vias respiratórias
A. Numa criança pequena:
Abra-lhe a boca e tente extrair o corpo estranho, se este ainda não estiver visível, usando seu dedo indicador em gancho ou uma pinça (cuidado para não empurrar o objecto!) Coloque a criança de cabeça para baixo. Sacuda-a e bata-lhe a meio das costas, entre as omoplatas, com a mão aberta.

B. No jovem / adulto:
Coloque- se por trás da vítima passe-lhe o braço em volta da cintura.
Feche o seu punho e coloque-o logo cima do umbigo. Cubra o puno com a outra mão e carregue para dentro e para cima. Repita a operação as vezes que roem necessárias. Se a respiração não se restabelecer e a vítima continuar roxa (cianosada) faça reanimação/ventilação artificial (ver ventilação artificial).

Corpos Estranhos
Algum corpo/material, que seja estranho ao organismo.

1. No olho
Os mais frequentes são:
Grãos de areia, insectos e limalhas.

Sinais e sintomas:
Dor ou picada local;
Lágrimas;
Dificuldade em manter as pálpebras abertas

O que deve fazer:
Abrir as pálpebras do olho lesionado com muito cuidado.
Fazer correr água sobre o olho, do lado de dentro, junto ao nariz, para fora.
Repetir a operação duas ou três vezes. Se não obtiver resultado fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma gase e adesivo e enviar ao hospital.

2. No ouvido
Os corpos estranhos mais frequentes são os insectos.

Sinais e Sintomas:
Pode existir surdez, zumbidos e dor sobretudo se o insecto estiver vivo.

O que deve fazer:
Se se tratar de um insecto deitar uma gota de azeite e depois enviar ao hospital.
Outros corpos estranhos enviar ao Hospital.

3. Nas vias respiratórias 
Os corpos estranhos nas vias respiratórias podem causar perturbações de variável natureza, de acordo com a sua localização.

Sinais e Sintomas:
  São também variáveis. Pode existir dificuldade respiratória, dor, vómitos e nos caos mais graves asfixia que pode conduzir à morte.

4. No nariz 
 Os mais frequentes, nas crianças, são os feijões ou objectos de pequenas dimensões.

O que deve fazer: 
 Pedir ao indivíduo para se assoar com força, comprimindo com o dedo a narina contrária, tentando assim que o corpo seja expelido.


5. Na garganta 
 Os corpos estranhos entalados na garganta podem ser pedaços de alimentos mal mastigados, ossos ou pequenos objectos. Estes corpos estranhos impedindo a respiração podem provocar asfixia. (ver asfixia)


Desmaio
 Desmaio é a perda súbita e transitória da consciência e consequentemente da postura.

Sinas e Sintomas: 

Palidez;
Suores frios;
Falta de forças;
Pulso fraco


O que deve fazer: 

1. Se nos apercebemos de que uma pessoa está prestes a desmaiar:

Sentá-la
Colocar-lhe a cabeça entre as pernas
Molhar-lhe a testa com água fria
Dar-lhe a beber chá ou café açucarados.

2. Se a pessoas já estiver desmaiada:

Deitá-la com a cabeça de lado e mais baixa do que as pernas
Desapertar-lhe as roupas
Mantê-la confortavelmente aquecida.
Logo que recupere os sentidos, dar-lhe de beber chá ou café açucarados.
Consultar o médico posteriormente.


Choque eléctrico 
 O Choque eléctrico é a passagem de uma corrente eléctrica através do corpo.

O que deve fazer: 
Desligar o disjuntor para cortar imediatamente a corrente eléctrica.
Ter o máximo de cuidado em não tocar na vítima sem previamente ter desligado a corrente.
Prevenir a queda do sinistrado.

Aplicar o primeiro socorro conveniente:
Reanimação cárdio-respiratória.
Aplicação de uma compressa ou mesmo um pano bem limpo sobre a queimadura.




Entorse
 O entorse é uma lesão do tendão, músculo ou ligamento próximo à articulação.

Sinais e Sintomas: 
 A dor na articulação é gradual ou imediata.
A articulação lesada incha.
Verifica-se imediata ou gradualmente uma incapacidade para mexer a articulação.

O que deve fazer: 
 Evitar movimentar a articulação lesionada.
Aplicar gelo ou deixar correr água fria sobre a articulação.
Consultar o médico posteriormente.


Envenenamento
 O envenenamento, ocorre quando uma pessoa inala, entra em contacto directo com a pele ou ingere alguma substância tóxica.


A. Envenenamento por via digestiva

1. Produtos alimentares

Sinais e sintomas:
 Arrepios e transpiração abundante, dores abdominais náuseas e vómitos, diarreia, vertigens, prostração, síncope, agitação, e delírio.

O que deve fazer: 
 Interrogar a vítima no sentido de tentar perceber a origem do envenenamento
Manter a vítima confortavelmente aquecida


2. Medicamentos 

Sinais e Sintomas:
  Dependem do medicamento ingerido:
Pode-se observar vómitos, dificuldade respiratória, perda de consciência, sonolência, confusão mental, etc.
O que deve fazer:
Interrogar a vítima no sentido de tentar obter o maior número possível de informações sobre envenenamento.
Pedir imediatamente orientações para o Centro de Informação Anti-venenos do INEM:
Tel: 808 250 143.
Indicar o produto ingerido, a quantidade provável, a hora que foi ingerido e a hora da última refeição.
Manter a vítima confortavelmente aquecida.


3. Produtos Tóxicos
  Muitos produtos químicos são altamente tóxicos quando ingeridos: detergentes, outros produtos de limpeza, lixivia, álcool (sulfúrico, clorídrico, nítrico e outros), gasolina, potassa cáustica, soda cáustica, etc.
Sinais e Sintomas:
Constituem importantes sinais a informação de vitima ou de alguém indicando contacto com o veneno ou a presença perto da vitima de algum recipiente que possa ter contido ou contenha veneno.
Os sintomas variam com a natureza do produto ingerido, podem ser:
Vómitos e diarreia;
Espuma na boca;
Face, lábios e unhas azuladas;
Dificuldade respiratória;
Queimaduras á volta da boca (venenos corrosivos);
Delírio e convulsões;
Inconsciência
O que deve Fazer:
Se a vitima estiver consciente, interroga-lo no sentido de tentar obter o maior número possível de informações sobre o envenenamento.
Pedir imediatamente orientações para o Centro de Anti- Venenos do INEM:
Tel.: 808 250 143.
Em caso de ingestão de álcool, e apenas neste caso, dar uma bebida açucarada.
Em caso de queimaduras nos lábios, molhá-los suavemente com água, sem deixar engolir.

B. Envenenamento por via respiratória
Os mais frequentes são o envenenamento pelo gás carbónico ( fossas sépticas), pelo óxido de carbono ( braseiras) e pelo gás propano/butano (gás de uso doméstico).

Sinais e Sintomas:
A vítima começa por sentir um vago mal-estar, seguido de dor de cabeça, zumbidos, tonturas, vómitos e uma apatia profunda que a impede de fugir do local onde se encontra. A este estado segue-se o coma, se a vitima não é rapidamente socorrida.

O que deve fazer:
Entrar na sala onde ocorreu o acidente, contendo a respiração, e abrir a janela;
Voltar ao exterior para respirar fundo;
Entrar de novo e arrastar a vitima para fora;
Colocar a vítima em local arejado;
Desapertar as roupas;
Se necessário fazer a ventilação assistida





Hemorragia Nasal
Hemorragia nasal é provocada pela ruptura de vasos sanguíneos da mucosa do nariz.

Sinais e Sintomas:
Saída de sangue pelo nariz, por vezes abundante e persistente
Se a hemorragia é grande o sangue pode sair também pela boca.


O que deve fazer:
Comprimir com o dedo a narina que sangra.
Aplicar gelo exteriormente.
Se a hemorragia não pára, introduzir na narina que sangra um tampão coagulante fazendo pressão para que a cavidade nasal fique bem preenchida.
Atenção: antes de qualquer procedimento o socorrista deve calçar luvas descartáveis
Se a hemorragia persistir mais do que 10 minutos, transportar a vítima para o hospital.


Estado de Choque
O choque é um estado potencialmente mortal, no qual a pressão arterial é demasiado baixa para manter a pessoa viva.


Sinais e Sintomas:
Palidez olhos mortiços;
Suores frios;
Prostração;
Náuseas.

Em estado avançado:
Pulso fraco;
Respiração superficial;
Inconsciência.

O que deve fazer:
1.Se a vítima está consciente:
Deitá-la em local fresco e arejado
Desapertar as roupas, não esquecendo gravatas, cintos e soutiens.
Tentar a temperatura normal do corpo
Levantar as pernas a 45º
Ir conversando para acalmar.

2.Se a pessoa não está consciente:
Colocar na posição lateral de segurança
Transportar a vítima para o hospital




Estrangulamento
Consiste em pressionar o pescoço, de forma que o oxigénio e o sangue não passe.

O que deve fazer:
Cortar imediatamente a corda ou o que estiver a fazer pressão em torno do pescoço da vítima.
Executar Ventilação artificial se houver sinais de asfixia.


Feridas
Ferida é uma ruptura da pele, que pode atingir o tecido subcutâneo e muscular.

O que se deve fazer:
Proteger a ferida com uma compressa;
Limpar a pele à volta da ferida com água e sabão, do centro para as bordas;
Secar a ferida com uma compressa e desinfectar com Betadine;
Caso a ferida seja superficial e de pequenas dimensões, deixá-la ao ar;
Caso seja mais extensa ou mais profunda, deverá proteger com uma compressa esterilizada e transportar o doente para o Hospital.



Feridas nos olhos

O que se deve fazer:
Deitar a vítima imóvel e a olhar para cima;
Cobrir o olho com compressas esterilizadas;
Evitar que a vítima tussa.



Fracturas
Fractura é uma rotura num osso ou cartilagem dura.

Sinais e sintomas:
Dor intensa no local;
Inchaço;
Falta de força;
Perda total ou parcial dos movimentos;
Encurtamento ou deformação do membro lesionado;



O que se deve fazer:
Expor a zona da lesão (desapertar ou se necessário cortar a roupa).
Tentar imobilizar as articulações que se encontram antes e depois da fractura utilizando talas apropriadas ou, na sua falta, improvisadas.


Insolação
Insolação é uma situação resultante da exposição prolongada ao calor; num local fechado e sobreaquecido


Sinais e sintomas:
Dores de cabeça;
Tonturas;
Vómitos;
Excitação;
Inconsciência;


O que deve fazer:
Deitar a vítima em local arejado e à sombra;
Elevar-lhe a cabeça;
Desapertar-lhe a roupa;
Colocar-lhe compressas frias na cabeça;
Dar a beber água fresca, se a vitima estiver consciente
Se estiver inconsciente, colocá-la em Posição Lateral de Segurança.


Hipotermia
A hipotermia é uma situação resultante da exposição excessiva ao frio;


Sinais e sintomas:
Arrepios;
Sensação de formigueiro e adormecimento dos pés, mãos e orelhas;
Cãibras;
Insensibilidade às lesões;
Dor intensa nas zonas enregeladas;
Estado de choque;


O que se deve fazer:
Desapertar os sapatos e pedir à vítima que bata com os pés no chão e as mãos uma na outra para reactivar a circulação;
Envolver a vítima em cobertores;
Dar bebidas quentes e açucaradas;

Pode ser prevenido:
Evitando a imobilidade;
Habituar-se progressivamente ao excesso de frio;
Não ingerir bebidas alcoólicas;
Utilizar roupas largas e quentes, calçado largo e várias meias;



Hemorragias
É uma perda de sangue externa ou interna implicando atitudes diferentes por parte dos socorristas.

1. Hemorragia interna:

Sinais e sintomas:
Sede;
Sensação de frio (arrepios);
Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco.

Em casos ainda mais graves:
Palidez;
Arrefecimento, sobretudo das extremidades;
Zumbidos;
Alteração do estado de consciência.


O que se deve fazer:
Acalmar a vítima e mantê-la acordada;
Desapertar a roupa;
Manter a vítima confortavelmente aquecida;
Colocá-la em Posição Lateral de Segurança (PLS).

2. Hemorragia externa:

O que se deve fazer:
Deitar horizontalmente a vítima;
Aplicar sobre a ferida uma compressa ou se não tiver nenhuma à mão, um pano lavado exercendo uma pressão firme com as duas mãos.

Se se tratar de uma ferida bastante extensa e profunda, pode ser necessário utilizar um garrote (pode ser de borracha ou uma tira de pano estreita para evitar a perda de muito sangue).
Nunca retirar o garrote até chegar ao hospital. Perigo mortal.
No caso de a hemorragia ser na palma da mão, deverá apertar um pano ou um rolo de compressas esterilizadas de modo a fazer pressão na ferida.


Mordeduras de cão

O que se deve fazer:
Desinfectar o local da mordedura com Betadine;
Informar-se se o cão está ou não vacinado.
Atenção: Perigo de infecção.


Crise de hipoglicemia (Diabetes)
A Diabetes é uma doença em que o pâncreas não produz uma quantidade suficiente de insulina. A complicação mais grave e frequente do diabético jovem é a crise de HIPOGLICÉMIA (baixa de açúcar no sangue). Ocorre habitualmente depois da realização de exercício físico, por jejum prolongado ou por exagero da dose de insulina, surgindo alguns destes sinais e sintomas.

Sinais e sintomas:
Palidez, suores, tremores das mãos;
Fome intensa ou enjoo e vómitos;
Confusão mental, raciocínio lento, bocejos repetidos, expressão apática, “apalermada”;
Voz entaramelada;
Alterações de humor: irritabilidade, agressividade, “rabugice”, teimosia, apatia;
Palpitações, pulso rápido;
Perda da fala e dos movimentos activos.

O que deve fazer:
Lidar com a pessoa com calma e delicadeza
Dar uma colher de sopa com açúcar cheia ou dois pacotes de açúcar. Aguardar dois a três minutos e repetir a operação até melhoria dos sintomas. O açúcar deve ser “empapado em água” (não dissolvido, mas sim misturado apenas com algumas gotas de água). Após melhoria dar um bolo, pão ou bolachas e um copo de leite ou água.



Convulsão
Uma convulsão é a resposta a uma descarga eléctrica anormal no cérebro.

Sinais e sintomas:
Movimentos bruscos e descontrolados da cabeça e/ou extremidades;
Perda de consciência com queda desamparada;
Olhar vago, fixo e/ou “revirar dos olhos” (precede os anteriores);
“Espumar da boca”;
Perda de urina e/ou fezes;
Morder a língua e/ou lábios;

O que deve fazer:
Afastar todos os objectos onde a pessoa se possa magoar.
Tomar o ambiente calmo afastando os “mirones”.
Anotar a duração da convulsão.
Acabada a fase de movimentos bruscos, colocar a pessoa na Posição Lateral de Segurança (PLS).
Manter o individuo num ambiente tranquilo e confortável.

Enviar ao Hospital sempre que:
For a primeira convulsão.
Durar mais de 8 a 10 minutos
Se repetir.


Politraumatizado
Politraumatizado é uma lesão ou ferida mais ou menos extensa, produzida por ação violenta, de natureza física ou química, externa ao organismo.

O que se deve fazer:
Se a vítima estiver consciente tentar acalmá-la;
Mantê-la confortavelmente aquecida;
Vigiar a respiração e o pulso;
Fazer o primeiro socorro indicado para cada um dos traumatismos;
Transportar a vítima urgentemente ao hospital, escolhendo a posição de transporte mais aconselhável de acordo com as lesões que apresente.

1. Traumatismo craniano
Deve-se suspeitar sempre de traumatismo craniano se a vítima apresentar os seguintes sinais e/ou sintomas:


Sinais e sintomas:
Ferida do couro cabeludo ou hematoma;
Perda de conhecimento;
Diminuição da lucidez: sonolência;
Vómitos;
Perturbações do equilíbrio;
Uma das pupilas mais dilatada;
Paralisia de qualquer parte do corpo;
Saída de sangue ou líquido cefalo-raquidiano pelo nariz, boca ou ouvidos.

O que se deve fazer:
Acalmar a vítima;
Coloca-la sobre uma superfície dura, sem almofada, entre os lençóis enrolados;
Mantê-la confortavelmente aquecida.







2. Traumatismo na face

O que se deve fazer:
Limpar cuidadosamente o nariz e os olhos da vítima para que não haja obstrução das vias respiratórias e da visão.
Colocá-la numa posição semi-sentada.
Se houver suspeita de fractura do maxilar, procurar imobilizá-lo (ver imobilização)

3. Traumatismo torácico
É um traumatismo grave pois pode afectar a ventilação se houver perfuração do pulmão. Nesse caso a vítima apresenta os seguintes sintomas.

Sinais e sintomas:
Dificuldade respiratória;
Lábios e unhas roxas;
Pulso fraco e rápido;
Agitação;
Confusão e delírio.

O que deve fazer:
Acalmar a vítima
Coloca-la numa posição semi-sentada e recostada sobre a zona atingida
Se existir ferimento, cobri-lo com compressas embebidas em vaselina para impedir a entrada de ar.

4. Traumatismo da coluna vertebral
Deve-se suspeitar sempre de lesão da coluna vertebral se a vítima após o traumatismo apresenta os seguintes sintomas:

Sinais e sintomas:
Impossibilidade de fazer movimentos;
Dor no local do traumatismo;
Sensação de “formigueiro” nas extremidades (mão/pés);
Insensibilidade de qualquer parte do corpo.


O que deve fazer:
Com a ajuda de outras pessoas, colocar a vítima num plano horizontal respeitando o eixo do corpo.
Fazer tracção da coluna vertebral esticando a vítima pelos pés e pela cabeça e mantê-la nesta posição até chegar a ambulância.

5. Traumatismo abdominal
O traumatismo abdominal é uma lesão provocada por acção mecânica sobre o abdómen (queda ou pancada) capaz de causar fractura ou ruptura de vísceras.


Sinais e sintomas:
Se houver fractura ou ruptura de vísceras os sinais e sintomas são idênticos aos referidos para as hemorragias internas:
Dor local;
Sede;
Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco;

Em circunstâncias mais graves:
Palidez;
Suores frios;
Arrefecimento, sobretudo das extremidades;
Zumbidos;
Alterações do estado de consciência.


O que deve fazer:
Acalmar a vítima e mantê-la acordada
Cobrir a ferida, se existir
Colocar a vítima e transportá-la ao Hospital em posição semi-sentada com as pernas flectidas
Mantê-la confortavelmente aquecida


Queimaduras
As queimaduras são lesões na pele, provocadas geralmente pelo calor ou pelo frio, mas que podem também ser provocadas pela electricidade, por contacto com certos produtos químicos, por radiações, ou até por fricção.


Sinais e sintomas:
De acordo com a profundidade atingida, as queimaduras classificam-se em 3 graus:
* Queimadura do 1º grau
São as queimaduras menos graves: apenas a camada externa da pele (epiderme) é afectada. A pele fica vermelha e quente e há sensação de calor e dor (queimadura simples)
* Queimadura do 2º grau
Às características da queimadura do 1º grau, junta-se a existência de bolhas. Esta queimadura já atinge a derme e é bastante dolorosa (queimadura mais grave).
* Queimadura do 3º grau
Às características das queimaduras dos graus 1 e 2, junta-se a destruição de tecidos.
A queimadura atinge tecidos mais profundos provocando uma lesão grave e a pele fica carbonizada (queimadura muito grave).
A vítima pode entrar em estado de choque


O que deve fazer:
Se a roupa estiver a arder, envolver a vítima numa toalha molhada ou, na sua falta, fazê-la rolar pelo chão ou envolve-la num cobertor (cuidado com os tecidos sintéticos);
Se a vítima se queimou com água ou outro líquido a ferver, despi-la imediatamente;
Dar água a beber frequentemente.

Se a queimadura for do 1º grau (queimadura simples):
Arrefecer a região queimada com soro fisiológico ou, na sua falta, com água fria corrente ou cubos de gelo, até a dor acalmar.

Se a queimadura for do 2º grau (com bolhas):
Arrefecer a região queimada com soro fisiológico ou, na sua falta, com água fria corrente ou cubos de gelo, até a dor acalmar;
Lavar cuidadosamente com um anti-séptico (não aplicar álcool);
Se as bolhas não estiverem rebentadas, não as rebentar, aplicar gase gorda e compressa esterilizada.
Se as bolhas rebentarem, não cortar a pele da bolha esvaziada: tratar como qualquer outra ferida (ver feridas). O penso deve manter-se 48 horas e só depois expor a zona queimada ao ar para evitar o risco de infecção/tétano.

Se a queimadura for do 3º grau (profunda):
Arrefecer a região queimada com soro fisiológico ou, na sua falta, com água fria corrente ou -cubos de gelo, até a dor acalmar.
Lavar cuidadosamente com um anti-séptico (não aplicar álcool).
Tratar como qualquer outra ferida (ver feridas)
Se a queimadura for muito extensa, envolver a vítima num lençol lavado e que não largue pêlos, previamente humedecido com soro fisiológico ou, na sua falta, com água simples


Reanimação


O que deve fazer:
Procurar descobrir e eliminar a causa da situação;
Verificar se respira;
Verificar se o coração bate.

1.Se a vítima respira:
Desapertar a roupa;
Colocar a vítima na posição lateral de segurança (ver PLS);
Mantê-la confortavelmente aquecida.

2.Se a vítima não respira:
Deve certificar-se de que as vias respiratórias se encontram desobstruídas e, se assim não for, desobstruí-las (ver corpos estranhos);
Iniciar ventilação artificial (ver ventilação artificial);
Manter a ventilação artificial até que a vítima respire por si;
Se o coração não bater após três insuflações rápidas de ar, associar à ventilação artificial a compressão cardíaca externa (ver compressão cardíaca externa);
Transportar rapidamente a vítima para o Hospital, não parando nunca de fazer ventilação.

Se o socorrista estiver só, terá de ser ele a executar ambas as manobras: 2 insuflações de ar, 30 compressões cardíacas, 2 insuflações de ar, e assim sucessivamente.
Quando o coração começar a bater suspender a compressão cardíaca mas, manter a ventilação até a vítima respirar por si.
Logo que a vítima respire normalmente, colocá-la em posição Lateral de Segurança (PLS) e mantê-la confortavelmente aquecida.
Em qualquer situação, mesmo de aparente recuperação total a vítima deverá ser enviada ao hospital.